O tempo é, desde sempre, o cerne de nossas perguntas. Um mistério dentro do mistério. Pensar o tempo é expor-se à derrota de pensamentos e a palavras intratáveis. No entanto, tudo nos remete ao tempo: o ritmo dos dias e das estações, a incerteza do futuro, a impossibilidade de reviver o passado, a experiência da juventude e da velhice, o limiar que se fecha às nossas costas no fim da viagem. Não é apenas a dureza da pergunta a nos confundir: é nossa inteligência, que, apesar de conseguir intuir as tramas sutis do Universo, não consegue pensar o princípio e o fim. Em presença do tempo, nossa imaginação para, e um sutil desassossego invade nossa alma. READ MORE
O corpo doente
Ainda hoje, a doença do corpo (e, portanto, da existência doente) é a emergência que desfia e extenua o jogo de resultado zero das compreensões, das interpretações, das explicações. A corporeidade doente – a condição do Eu e do mundo que se eclipsam no sintoma do corpo doente, enquanto o sujeito se retrai (dissimulando a si mesmo) numa concretude que apaga toda dimensão metafórica do discurso – pois bem, essa corporeidade doente in ige ainda muitas derrotas à cirurgia, à farmacologia, à psicologia e à própria psiquiatria. Para quem se move em âmbitos terapêuticos, não é raro perceber uma impotência desesperadora pela incapacidade de impedir que um homem escorregue pelo plano inclinado da corporeidade doente.READ MORE
Fidelidade e infidelidade da memória
A memória humana é uma faculdade maravilhosa e enganosa. Embora muitos a considerem um arquivo imutável de experiências e recordações, o que ela guarda não está esculpido em pedra. De fato, as lembranças tendem a desbotar com o tempo, deformando-se e indo ao encontro, mesmo em condições normais, de uma lenta decadência, de um esquecimento fisiológico. READ MORE
É a moralidade humana realmente recíproca?
O que a neurobiologia nos faz conhecer sobre funções humanas fundamentais como a sensação, a percepção, a memória, a emoção, o sentimento, a intencionalidade e a intersubjetividade, deve ser objeto de uma reflexão atenta para os que se perguntam como é preciso agir do ponto de vista moral. Se a distinção entre o que é certo e o que é errado depende de nossas estruturas cerebrais, por que motivo deveríamos considerá-la mais real do que aquela entre branco e preto? Se isso é verdade, como poderemos demonstrar que males como o Holocausto e a intolerância racial estão errados para todos, e não são repugnantes apenas para nós?READ MORE