Quase todos nós concordamos que somos indivíduos livres para agir, responsáveis e, sobretudo, racionais. Indivíduos que, diante de um problema qualquer, analisam vantagens e desvantagens e por fim escolhem a melhor solução. Mas é isso mesmo? Isto é, escolhemos realmente determinada solução por ser mais racional? E quando nossas escolhas têm implicações morais, é a racionalidade ou a intuição que nos guia? E supondo que as decisões racionais se baseiem em princípios morais, elas provêm de lugares profundos de nosso cérebro ou do universo dos valores que nos cerca? Enfim, tem fundamento acreditar que elas sejam expressão da seleção natural e que só em um momento sucessivo tomam a forma de um julgamento moral organizado? Afinal, como acontecem realmente as coisas? Na realidade, a questão não é se somos ou não livres (alguma liberdade temos, evidentemente), mas o quanto somos livres. Decerto, somos mais livres que uma marmota, que é mais livre que um jacaré, que, por sua vez, é mais livre que uma ameba. Além disso, o número de nossos comportamentos potenciais é incomparavelmente mais complexo que em todas as outras espécies animais, em função da sofisticação de nosso sistema nervoso. Assim, ao menos potencialmente, somos bastante livres, também graças ao patrimônio genético que nos foi legado pela evolução genética, que criou organismos bastante complexos, alguns dos quais desenvolveram organizações sociais até sofisticadas. No que nos diz respeito, a existência de uma evolução cultural garantiu até aqui grande variedade de comportamentos possíveis e, portanto, certa liberdade. Mas, em que medida utilizamos essa liberdade? E até que ponto somos livres para ser o que somos, para agir neste preciso instante e nesta determinada circunstância?

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